quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Lacunas cheias de ausências presentes

Natal, 18/02/2009.

Não é preciso estar presente para saber que é presente ... não é preciso estar aqui para saber que aqui está ... porque a presença é ausência ... e a ausência, presente de estar ausente e presente sem estar .... Estamos.
Estamos porque não é preciso que nos vejamos para que saibamos que somos o que somos nos momentos em que queremos estar sendo, mesmo sem ter sido, porque somo tecido ... tecidos ... tecidos tecidos por outras tantas coisas não nós, que somos sem sabermos .. somos apenas o que somos e nos queremos sendo o que pensamos que somos pra todos os outros que não são nós ... que não nos são ... que são, a penas ...
Nós, não ... nem somos a penas nem apenas, somo-nos .... porque somamo-nos e nos sabemos adição de outros nós, multiplicação de nós que sabemos ser e não somos porque sabemos ...
Somos complexos .. graças à Deus ... graças adeus ... e nos damos à Deus e adeus ateus, porque nos entendemos nos nossos desentendimentos, nos nossos dez entediamentos .. . nos nossos entes diamantes ... de amantes .... porque nos entendiamos de nós mesmos e nos queremos sós .... ou só nos queremos (não sabemos) ...
Estamos, ambos, nos revisitando e nos encontrando com pedaços de nós que sequer sabíamos existir, que sequer sabíamos insistir ... que sequer sabíamos resistir ... e vamos vivendo nossas vidas sem que nos cobremos os anseios de amizades razas, de amizades sem asas .. porque somos amizade de asas ... amizade de azes ...
Somos o que somos e o que sabemos ser e não queremos mais do que isso ... queremos apenas ser o que podemos ser nos momentos em que ser não é a questão, nos momentos em que ser não é o que são, nos momentos em que ser é estar sendo sem ter sido, sem tecido ... sem ter de ser tecido, porque somos pedaços de linhas sobrepostas num crochê de cobres vibrantes que nós mesmos traçamos nos caminhos da mesa de jantar ... nos caminhos da vida de estar ... nos carinhos da vida de nos estirar nos estiramentos da vida de carinhos esticados como um tapete vermelho pelo qual passamos ...
... pelo qual paz somos ...
E nos queremos em paz ...
Não ... não sinto saudade de você ... porque você não deixou de estar aqui .... porque não deixou de estar a si ... e isto é o que importa ... e isto é o que empresta ...
... é que in-presta ... mesmo que em frestas de momentos roubados de formas turvas de outros desconhecidos presentes e ausentes, mas sempre presentes de pedaços de você ... porque você é sempre pré-ente ... premente .... e presente, mesmo que ausente ....
Sente? Sem ti?
... não ... com ti ....
... porque estar ao seu lado não é estar atrelado ... ou estar atolado ... é simplesmente estar .... e vamos, ambos, estar estando ... porque estamos no estado de estar ... e estamos conosco em momentos mil ... em movimentos ...
movimentos que fazemos em torno de nós mesmos ... movimentos que fazemos sem nós .... porque os nós estão sendo desatados ... estão sendo dez atados ... e por todos os laços e nós que nos damos nos atrelamos a nossos desesperados nós solitários de outrora, que agora são nós solidários .. solidários aos nossos outros tantos nós dos quais nos sentíamos desatados ... desatemo-nos, então, de todos os nós atados, e nos atemos aos nossos nós ...
porque, como sabemos,
Jamais seremos
Uma única pessoa
Louca ou
Insana
A vagar
No mundo .... ou no
Amor ... ou na dor ...
... ou na ninfa de uma única flor ... não importa ...
Somos, sempre,
Impressões
Loucas e
Vagas de
Intenções
Outras ...
.. e somos nós ... nós de nós mesmos ....
e, aos outros, que carecem de uma presença física, de uma voz ao telefone, de um rufar de trombones .... nossos pêsames ...
Não sabem, por certo ... o que têm por perto ...
... azar deles ... que são riscos vazios de água e cheios de terra seca... nós, ao contrário,
somos rios ... e deixamos nosso leito ...
feito.